Brasil voltou a ter uma indústria naval forte, diz Lula

15-10-2010 20:02

 Rio de Janeiro, 7 out (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje que o Brasil fortaleceu sua indústria naval e atualmente tem condições de construir plataformas marítimas não apenas para a Petrobras, mas também para companhias de outros países, principalmente da América do Sul"Vamos produzir plataformas também para outros países", afirmou Lula em discurso durante a cerimônia de batismo da P-57, uma plataforma que a Petrobras começará a operar este ano de 54 mil toneladas, 105 metros de altura e capacidade para produzir 180 mil barris de petróleo diários.

Segundo Lula, a indústria naval brasileira, que chegou a ser uma das maiores do mundo na década de 1970, ressurgiu em seu governo e atraiu investimentos de outros países.

A P-57, uma plataforma marinha do tipo FPSO (sigla em inglês que significa unidade flutuante de produção, armazenamento e transporte de hidrocarbonetos), custou US$ 1,2 bilhão e foi construída por estaleiros brasileiros com cerca de 68% de componentes nacionais sobre o casco de um navio petroleiro convertido em Cingapura.

A Petrobras considera a P-57 a primeira de uma nova geração de plataformas marítimas com as quais pretende explorar as enormes reservas que descobriu em águas muito profundas do Oceano Atlântico.

Lula destacou que até 2014 a Petrobras investirá cerca de US$ 224 bilhões para explorar as reservas que descobriu e que, por isso, terá que encomendar muitos navios e plataformas.

"Vamos precisar de muitos navios e plataformas, além de estaleiros", disse Lula vestindo o colete laranja dos trabalhadores da Petrobras.

"As empresas de Cingapura vão instalar mais estaleiros aqui porque temos que construir plataformas para muitos países que precisam, para países da América do Sul e outros que não têm a mesma tecnologia que nós temos", acrescentou.

Lula afirmou que os estaleiros de Cingapura constroem na Ásia para atender à demanda de países como China, mas que terão que se instalar no Brasil para atender a países da América do Sul e da África.

O presidente ressaltou que nos últimos anos empresas nacionais e estrangeiras instalaram ou reconstruíram estaleiros em diferentes estados para atender a uma crescente demanda que antes era atendida com importações.

"Era um Brasil que achava que tudo tinha que vir de fora porque era melhor, mais lindo e mais barato", afirmou o presidente, quem acrescentou que antes a Petrobras encomendava plataformas no exterior.

Lula afirmou que a P-57 tem 68% de componentes nacionais, mas que já é possível pensar em plataformas com "80% e até 100%" das peças produzidas no país.

Em entrevista coletiva ontem, o gerente-executivo de Exploração e Produção da Petrobras, José Antônio de Figueiredo, ressaltou que o casco da plataforma foi convertido em Cingapura porque no Brasil não havia condições.

No entanto, o funcionário afirmou que Petrobras alugou um estaleiro que estava desativado em Niterói para nacionalizar esse processo.

Ele acrescentou que, nas últimas licitações, as empresas brasileiras demonstraram que têm condições de produzir plataformas a um preço inferior ao do mercado internacional.

"Vamos construir os cascos para outras oito plataformas no Rio Grande do Sul. Nos próximos anos vamos construir dezenas de plataformas e centenas de navios de apoio no país", disse o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, na cerimônia de batismo da P-57 no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis. EFE